terça-feira, 15 de agosto de 2017

O Problema dos Três Corpos


Assim como todos os ramos da literatura, a ficção científica é um gênero bastante abrangente e permite que se crie histórias nos mais diversos assuntos. Para que uma trama sci-fi seja envolvente e interessante é necessário que o autor consiga fazer com que o leitor acredite na sua história, com elementos explicativos que margeiam a nossa realidade.
O Problema dos Três Corpos levanta discussões sobre a vida humana e a sua capacidade de lidar com os outros seres, trazendo uma trama rica e bem desenvolvida sobre física, astronomia e uma questão complicada de se resolver: o problema dos três corpos.

A Revolução Cultural

Durante a década de 60, a China inteira estava passando por uma grande revolução que acarretou na morte de milhões de pessoas, uma das fases mais violentas do país. Essa revolução foi instaurada durante uma campanha político-ideológica de Mao Tsé-tung, o então líder do Partido Comunista Chinês, cujo objetivo era neutralizar as crescentes forças opositoras do partido que prejudicavam a força econômica do país. A fim de eliminar os suspeitos de deslealdade política ao governo, foi criado a Guarda Vermelha, uma facção subordinada do governo que viajava o país instaurando os pensamentos e ideologias de Mao e punindo os traidores. É nesta realidade que se inicia a trama de O Problema dos Três Corpos.
Ye Wenjie, uma jovem pesquisadora, vê seu pai, um influente físico e professor universitário, ser acusado de traição pelo uso de conceitos científicos desenvolvidos no ocidente. Tanto pai, quanto filha, são punidos pelas suas práticas: ele, com a vida; ela, com a perda do direito de continuar suas pesquisas e do direito de ir e vir. O choque do desfecho da punição de ambos, transforma a garota e planta em seu interior, despercebidamente, o ódio pela raça humana.
Ye, agora uma mente brilhante e perigosa aos olhos do governo, se instala na Base Costa Vermelha, uma base científica militar misteriosa, onde até seus funcionários não sabem direito o que faz.
A mescla entre a realidade da China nesta época e a história criada por Cixin Liu dançam uniformemente enquanto a criatividade do autor utiliza a história do próprio país como catalisador dos interesses de seus personagens. Ye, uma simples garota cuja paixão é a física, fomentada pelos interesses dos pais, acaba tendo a juventude destruída, sendo obrigada a trabalhar em um lugar estranho e tendo toda a liberdade roubada, uma realidade que milhões de chineses também viveram entre 1958 e 1969. O autor conta em seu livro, não apenas sua ficção, mas também a história de uma das maiores revoluções que a China viveu.

Física, Astronomia e o Problema dos 3 Corpos

Enquanto Ye trabalha na Base Costa Vermelha, realizando procedimentos de manutenção e controle de uma antena, cujo objetivo era o envio de ondas para o espaço, somos apresentados a outros estudiosos, como Wang, um cientista que trabalha no desenvolvimento de um material que utiliza nanotecnologia. Wang, ao ser apresentado, passa a ser o protagonista de toda a trama.
Enquanto a Revolução Cultural ocorria na China, os pesquisadores passaram a ter dúvidas em relação a veracidade da física, pois seus conceitos de base passaram a ser discutíveis e descartáveis. Nisso, muito da ciência foi considerada "inútil" e quem a estudasse passou a ser punido.
Wang, por sua vez, estava trabalhando em outro ramo da ciência, que não era considerado anti-governo, mas acaba tendo alguns problemas relacionados a sua pesquisa. Ele é convocado a integrar um conselho de estado de guerra e, ao se associar aos grandes nomes do conselho, passa a enxergar uma contagem regressiva misteriosa constante em seu campo de visão, que aparece independentemente do local para onde olhe. 
As dúvidas relacionadas ao seu incidente acaba levando Wang a conhecer Ye e também a começar a jogar um jogo de realidade virtual chamado "Três Corpos", onde precisa desvendar um problema complexo e praticamente impossível para entender o que está acontecendo no mundo real.
É interessante notar que, durante toda a narrativa, o autor troca o foco de um personagem para o outro, fazendo um jogo com o próprio leitor, que precisa estar atento para conseguir entender o que está acontecendo e encaixar as peças desse grande quebra-cabeça. Durante o trajeto, muitas questões são levantadas e muito se explica com conceitos reais. Não se assuste se caso achar o livro parecido com um artigo científico, pois o autor usa muito da teoria de base para fundamentar os diálogos entre os personagens e justificar escolhas e acontecimentos que levam sua história adiante.
Contudo, não se engane, as reviravoltas e o desenrolar da narrativa são dignos de uma obra sci-fi de ponta. Uma prova disso é o título do livro, que carrega nome do estudo das órbitas de 3 massas gravitacionais que estão sujeitas apenas às atrações gravitacionais entre eles.
Enquanto o problema acima tem vários estudos e algumas soluções para alguns casos, assim como nenhuma solução para outros, na obra de Liu, este problema ganha uma versão em forma de jogo de videogame, que busca resolver um problema de um planeta chamado Trissolaris, cujo sistema solar possui 3 sóis. A possível solução para este problema pode levar a raça humana à extinção e o conselho de estado de guerra precisa intervir para descobrir o que O Problema dos Três Corpos tem haver com tudo isso.

Caminho bem traçado

Este primeiro livro traz uma trama bem amarrada e desenvolvida. Os elementos utilizados são bem aproveitados e justificados, fazendo com que o leitor se questione em muitos momentos. Os personagens são bem desenvolvidos e muito importantes para o desenvolvimento da narrativa, assim como as menções a acontecimentos e figuras públicas da China, que tornam a história mais encorpada, com reviravoltas e revelações interessantes.
Outro ponto alto do livro é a escrita do autor, simples e objetiva, dizendo o que se quer com clareza e sem rodeios, fazendo uso de metáforas apenas em momentos necessários, assim como o uso da linguagem lírica em momentos de exposição de pensamentos dos personagens.
A leitura das notas do autor e do tradutor ajudam na compreensão dos fatos e complementam a leitura. O uso de um site (www.3corpos.net) também deixa o leitor curioso, pois oferece muito e tão pouco ao mesmo tempo, devido a interação entre mídias distintas. E seu final deixa uma ponta gigantesca para suas 2 continuações, The Dark Forest e Death's End, ambos ainda sem tradução no Brasil.

Sinopse oficial

China, final dos anos 1960. Enquanto o país inteiro está sendo devastado pela violência da Revolução Cultural, um pequeno grupo de astrofísicos, militares e engenheiros começa um projeto ultrassecreto envolvendo ondas sonoras e seres extraterrestres. Uma decisão tomada por um desses cientistas mudará para sempre o destino da humanidade e, cinquenta anos depois, uma civilização alienígena a beira do colapso planeja uma invasão. “O problema dos três corpos” é uma crônica da marcha humana em direção aos confins do universo. Uma clássica história de ficção científica, no melhor estilo de Arthur C. Clarke. Um jogo envolvente em que a humanidade tem tudo a perder.

Ficha Técnica

Título original: 三体
Autor: Cixin Liu
Gênero: ficção científica
Editora: Suma de Letras/Companhia das Letras
Lançamento: 2016
Quantidade de páginas: 320
Tradução: Leonardo Alves
ISBN: 978-85-5651-020-4


Esta resenha foi totalmente patrocinada pelo Grupo Companhia das Letras, editora fundada em 1986 que divide o seu trabalho entre a administração, tradução, preparação de texto, revisão, pesquisa iconográfica, ilustração, design gráfico, vendas, divulgação e atendimento a professores. Com foco em literatura e em ciências humanas desde a sua fundação, estas se ramificam em: ficção brasileira, ficção estrangeira, poesia, policiais, crítica literária, ensaios de história, ciência política, antropologia, filosofia e psicanálise. Outras séries que também ganharam corpo nos últimos anos foram: fotografia, gastronomia, divulgação científica, biografias, memórias e relatos de viagem, além de outros projetos especiais. Conheça mais sobre o Grupo Companhia das Letras acessando o site e seguindo os perfis no FacebookTwitterInstagram e YouTube.

O texto foi publicado, originalmente, no site Co-op Geeks com o título: Não estamos sozinhos: O Problema dos Três Corpos, de Cixin Liu.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Frio

Frio
Aqueça-me
E não deixe-me
Frio

domingo, 25 de dezembro de 2016

Feliz Natal!


Mais um fim de ano.
Pinheiros montados, repletos dos mais diversos enfeites.
Muitos deles cheios de presentes.
Outros nem tanto.
Luzes piscantes, de todas as cores, simbolizando todas as diversificações.
Pretos, brancos, amarelos...
Azuis e vermelhos, verdes e rosas...
O conforto da estação expressada de formas diferentes, mas transmitindo o mesmo sentimento.
Época em que as diferenças não importam... ou não deveriam importar...
Afinal, sempre torcemos para que o próximo ano seja melhor.
Momento este, que eleva o "eu te amo" ao tópico mais falado
E o abraço ao gesto mais realizado,
Pode transformar, pelo menos nesta época, os lares mais aconchegantes.
Dentre tantas coisas que se pode desejar,
Desejo que os "eu te amo" se tornem frequentes... ditos todos os dias.
E que os abraços sejam tão verdadeiros quanto gostosos!
Que o amor seja sentido por todas as pessoas,
E compartilhado entre todas as raças, cores, pensamentos e corações.
Feliz natal e um próspero ano novo!

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Por Lugares Incríveis - Jennifer Niven


Theodore Finch e Violet Markey encontraram-se no parapeito da torre do colégio em um grande dilema pessoal, ambos testando sua força de reação e sua importância. Nesse dia eles salvaram um ao outro de cometerem suicídio e viraram amigos.
Theodore Finch sempre foi visto como esquisito e problemático, já Violet Markey era parte do grupo popular da escola, ambos em lados opostos da sociedade, mas com problemas e motivações bem parecidos. Finch passa os dias encontrando formas de suicídio e Violet conta os dias para acabar o ano escolar e sair daquela cidade, de deixar o passado ali, onde tudo aconteceu.
Em uma aula de Geografia, o professor propõe um trabalho em duplas, que é para explorar o estado deles e registrar os lugares, às vezes bonitos, às vezes peculiares, mas, como motivação, conhecer os pontos turísticos e reconhecer os pontos bons do seu estado antes de partirem dali em busca de seus sonhos.

“ – Você nunca me perguntou o que eu estava fazendo naquele parapeito. – E fica ali, aberto e pronto pra me contar qualquer coisa, mas por algum motivo não tenho certeza se quero saber. “ - Pág. 197

Com esse trabalho proposto, Finch resolve que quer fazer o trabalho com sua nova amiga Violet, o que faz com que eles passem mais tempo juntos, conheçam mais um ao outro e acabam descobrindo muitas outras coisas também.
Por lugares Incríveis é uma história que trata sobre um tema delicado: Suicídio. Apesar de o tema ser forte, Jennifer Niven consegue passar a história de uma forma leve e contemporânea, e além de mostrar os problemas que muitos jovens passam, ela mostra o lado positivo de se ter amigos, de viver o dia de amanhã, mesmo que o dia de ontem tenha sido pesado e triste.
A forma como as descrições dos problemas e como os pensamentos dos personagens são expostos, fazem toda a diferença, pois você consegue se colocar no lugar deles e sentir as perdas, as dores e as confusões, por que em algum momento, você se sentiu assim também.
Um grande ponto positivo para mim, ao ler essa história, é que não devemos abandonar o dia de amanhã, de conhecer pessoas, pelo simples fato de ela ser diferente da maioria, de que problemas todos nós temos, mas que é possível lidar com eles e seguir adiante, que as vezes basta que alguém nos mostre o lado positivo das coisas e da vida, para percebermos que não vale a pena lamentar o passado, com o futuro pela frente.
Por lugares Incríveis é um livro inspirador, traz o assunto do suicídio que deve ser debatido o máximo possível, para que os pais saibam que, às vezes, os filhos precisam deles, mas eles não percebem isso. Conversar e saber ouvir são pontos determinantes para a decisão de vários jovens perdidos em seus pensamentos, conversar com eles é determinante para salvar vidas e isso é tratado no livro também, assim como a importância da comunicação familiar.
Esse é um tipo de livro que você deve ler e discutir com os amigos, familiares, com quem quiser. Recomendo muito a leitura dessa história.

“Você me faz especial, e Deus sabe o quanto esperei pra ser o tipo de cara que se quer por perto. ” - Pág. 315

Créditos:


Resenha: André Borges
Revisão: Bruno Bolner

Para conhecer e acompanhar o André Borges, siga-o no Instagram e no Twitter! E acompanhe o Ig literário @potterlivros.

Até a próxima página!

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Conto: Os Cavaleiros do Templo

Em uma era, há muito tempo atrás, começaram a surgir relatos de uma fortaleza que escondia todas as respostas do mundo, ao qual pertencia à um determinado deus e este deus, conhecido como o único e verdadeiro. Estes relatos ganharam muitas versões e, com o passar dos anos, tornou-se uma lenda.
Alguns homens, por volta do ano de 1950, enquanto realizavam uma expedição em busca do tal templo (após gastarem uma fortuna e muitos anos nas buscas), encontram uma estrutura que surgiu como mágica no meio do deserto palestino. Ao chegarem ao local, descobrem o templo Krak, a famosa fortificação lendária.
Logo que chegam, encontram o lugar cheio de esqueletos e uma frase meio apagada em um dos muros. Alguns dos homens seguem pelos corredores do templo enquanto o linguista da equipe fica com seus guardas tentando resolver o enigma, e acaba descobrindo algo perturbador...

"Não traga à luz o que deve ficar na escuridão."

Este conto não é uma história de horror clássica, mas tem elementos bem interessantes. Lembra mais uma das aventuras de A Múmia, só que sem o felizes, sãos e salvos para sempre.
Rochett Tavares traz neste conto, uma trama diversificada, contada tanto em primeira pessoa, em algumas passagens do início da história, quanto em terceira pessoa, utilizada no restante. Na primeira parte do conto, o autor se preocupa em imergir o leitor no contexto da narrativa, contando fatos históricos que constroem e desenvolvem o ambiente para a parte principal. Neste período da história, nossos personagens, conhecidos como integrantes da Seita, subordinados da Ordem dos Cavaleiros de Sangue, estão em combate contra um grupo que tenta tomar a fortaleza para si. Entretanto, nos fatos anteriores à este, o autor cita alguns momentos de medo e horror que os habitantes daquele lugar sentiram alguns dias antes. É o momento em que os mistérios começam a ganhar forma.
A segunda parte conta a trajetória de Arthur, Manoel, Sayyid, Ian, Linneaux, entre outros, em busca do templo lendário. A história se completa aos poucos, unindo as peças de ambos momentos do conto, revelando a verdade por trás de uma lenda milenar.
Os aspectos do escritor quanto às descrições das cenas de horror são bem diretas, revelando o que tem de ser revelado, descrevendo detalhes característicos, que vão de grotesco ao nojento, sem rodeios. Alguns aspectos podem até não parecer tão horrível quanto poderia se imaginar, mas se o leitor se preocupar em tentar visualizar aquilo que está sendo contado ou tentar imaginar o que os personagens sentem, poderá ter uma visão mais imersa no horror do conto.
Um elemento bacana, é a relação que o autor dá ao tal deus, tão venerado em seu início, e o verdadeiro mistério revelado no fim. Outro ponto positivo é a preocupação do autor em tentar aprofundar suas personagens, revelando pontos de suas histórias que justifiquem seus atos e suas características.
A leitura é rápida, possui elementos e descrições de horror, a trama é bacana, além do autor utilizar algumas palavras bem incomuns, o que ajuda no vocabulário do leitor. É bacana citar, também, que o autor faz citações que remetem a outras de suas obras. Tavares ainda faz críticas ao poder e religião, ao trazer personagens que estão no poder e se questionam se o que fazem é correto, mesmo sacrificando outras pessoas em pró de servir sua crença, ou que são tão gananciosos, cegados pelas esperanças dúbias de uma vida de riqueza, reconhecimento e poder, que pouco se importam com o que acontece com o próximo.
Este conto faz parte do e-book Abismo, uma coletânea de contos de horror de Rochett Tavares.
Até a próxima página!

Leia também:

terça-feira, 4 de outubro de 2016

A Estrada da Noite

Imagine que você tem fascínio por coisas estranhas e mórbidas, e aquela mania de colecionador que sente a necessidade de obter tudo para deixar sua coleção mais atraente. Aí você encontra um espírito em um site de vendas online e resolve compra-lo. No fim das contas você acaba descobrindo que essa peça na sua coleção foi a pior coisa que você poderia ter...
Bem-vindo A Estrada da Noite!
Judas é uma lenda do Rock que leva uma vida pacata depois de anos de estrada levantando multidões por onde passava. O cara não dispensa uma garota bonita e adora seus cachorros de estimação. Além de ser uma estrela do Rock na geladeira, tem uma coleção de coisas estranhas, como um vídeo de assassinato que conseguiu em uma delegacia de polícia anos atrás.
Em um certo dia, ele recebe a notícia de que estão vendendo um espírito em um site online e decide adquiri-lo. Depois de alguns dias ele recebe um pacote e abre a embalagem, onde se encontra um terno do tal espírito.
A princípio, ele não leva toda a história a sério, mas, após uma experiência perturbadora, ele acaba descobrindo que pode ter feito o pior negócio da vida comprando o fantasma.
Joe Hill criou uma história bastante interessante sobre fantasmas e assombrações. Sua escrita fácil e profunda faz com que o leitor caia dentro da história e consiga sentir o que os personagens estão vivendo. Essa sua habilidade na escrita torna o desenvolvimento da história muito bacana, pois consegue criar ambientes aterrorizantes e que fazem o leitor sentir arrepios. Há cenas muito bem escritas que são dignas de um livro de horror, não ficando atrás dos melhores livros do gênero.
Os personagens também são interessantes a seu modo, sendo bem desenvolvidos e com sua carga adequada de importância para a trama. Os elementos não são simplesmente jogados para o leitor, tendo propósitos determinados no decorrer da história. O que deixou um pouco a desejar é seu final, que acabou se tornando um clichê do gênero.
Apesar da capa indicar um livro espírita (sim, eu que vos escrevo pensei que fosse um livro espírita), não tem muito a ver com o tema.
O livro é uma boa opção para se ler neste mês do horror, sozinho e somente com a luminária acesa. Se você gosta de livros de horror com fantasmas, deve dar uma chance para este livro.
Que os pelos do seu braço fiquem de pé! Até a próxima página.

Posts indicados para o mês do horror:
Frankenstein
Dr. Jekyll & Mr. Hyde
Psicose
3 Contos do Lovecraft
Anjo: A Face do Mal
O Vale dos Mortos + Elevador 16
3 Contos de Horror
Sementes no Gelo

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Infinity Ring: Um Motim no Tempo

Infinity Ring é uma série de livros infanto-juvenis que nasceu com a ideia de fazer com que os livros fossem escritos por pessoas diferentes a cada volume. O projeto, encabeçado por James Dashner (Maze Runner), possui 8 volumes e o primeiro livro, Um Motim no Tempo, foi escrito pelo próprio James Dashner.

Sera e Dak são duas crianças com, aproximadamente, 10 ou 11 anos de idade e vivem em um mundo distópico, onde existe uma organização chamada SQ que comanda praticamente tudo no mundo. Os dois amigos estudam na mesma escola e são apaixonados por física e história. Para eles, qualquer projeto científico ou descobertas históricas são as melhores coisas do mundo. Sera é um prodígio da física e Dak é um admirador e conhecedor impulsivo da história, sempre em busca de livros antigos e conhecer mais do passado.
Em uma excursão da escola, um passeio ao museu da cidade ao qual eles estavam muito ansiosos, acabam presenciando um terremoto que destrói o lugar. O que era um lugar de muito interesse para eles, se torna um cenário de destruição ao acontecer um terremoto, e a culpa disso é da SQ, supõem eles, causadora das fraturas. Estas fraturas são acontecimentos históricos que foram trapaceados para mudar o curso natural das coisas, como, por exemplo, Cristóvão Colombo não ter descoberto a América. E essas fraturas eram orquestradas minuciosamente para que os fatos fossem alterados e beneficiassem alguém. O resultado desses atos são catástrofes climáticas, um mundo controlado pela SQ e as reminiscências, que são como memórias ou visões doloridas de uma vida que alguém deveria ter vivido. Porém, ninguém pode contestar a SQ, que sempre dá um jeito de resolver seus problemas de formas suspeitas.
Em uma tarde fatídica, em que os pais de Dak, dois cientistas que estão trabalhando em um artefato estranho, estão viajando e acabam deixando a chave do laboratório fora do cofre de segurança, Dak e Sera entram no lugar e descobrem o Anel do Tempo. Esse artefato permite a viagem pelo espaço-tempo e é a única coisa que pode possibilitar o concerto das fraturas do mundo.
Nesse cenário, Dak e Sera acabam se envolvendo em uma missão para impedir que uma fratura seja criada. Tudo o que eles precisam são o Anel do Tempo, resolver um enigma para encontrar a data e o local onde precisam estar e tomar cuidado com os guardiões to tempo, ou seja, os capangas da SQ.

A trama é bem desenvolvida e interessante, com personagens carismáticos e espertos. Apesar de serem crianças, os protagonistas conseguem ser mais inteligentes que a grande maioria nos assuntos físicos e históricos. As lacunas são preenchidas com informações relevantes para a história e fazem desta aventura uma experiência divertida.
Além disso, o livro ensina alguns acontecimentos históricos, utilizados de forma contraditória com a realidade devido às fraturas, mas que, ao serem concertadas, coincidem com a realidade.
Outro ponto interessante é a história deste mundo distópico, que está diferente devido às intervenções de uma organização. Esses fatos alterados da história ajudam a criar um ambiente curioso e levanta a questão "E se as coisas tivessem acontecido diferente?". Nesse mesmo aspecto, a possibilidade de concertar essas mudanças, o leitor é levado a se questionar sobre o que faria de diferente se tivesse a oportunidade e se estaria disposto a arriscar a alteração do presente e futuro modificando algo do passado.
As reminiscências fazem uma analogia com a realidade de algumas pessoas, talvez a maioria delas, que pensam que deveriam ter feito outras escolhas e deveriam estar passando por um momento diferente. Esses elementos do livro servem como um incentivo à tentar reverter as coisas que foram feitas de outro jeito e mudar as coisas como estão agora. Causa um sentimento de inspiração a tentar melhorar as coisas, mesmo que não se possa voltar no passado, mas resolvendo as coisas que estão acontecendo no presente.
É um bom livro, de leitura rápida e recomendado para quem gosta de aventuras infanto-juvenis.
Boa leitura e até a próxima página!

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

O Último Homem Bom

O Último Homem Bom é um thriller policial, onde Niels Bentzon, um policial de Copenhague, recebe uma missão peculiar, enviada pelas mãos da Interpol.
Niels descobre, então, que sua missão está relacionada a uma crença religiosa, enviada de Veneza, e que consiste em salvar as pessoas boas do mundo. O problema de sua missão é que ele não sabe quem são estas pessoas, nem onde elas moram. E o pior: elas estão sendo assassinadas, uma a uma, seguindo um padrão que ele não compreende. A única semelhança dentre elas é que são encontradas com um hematoma estranho no corpo e todas estão ligadas a questões humanitárias.
Recebendo ajuda de Hannah Lund, um cientista que tinha uma carreira promissora, eles conseguem desvendar o quebra-cabeças de onde e quando serão feitas as próximas vítimas. Contudo, ainda não sabem quem são estas pessoas.
~:~
A trama de A. J. Kazinski (pseudônimo dos dinamarqueses Anders Ronnow Klarlund e Jacob Weinreich), é recheada de suspense e reviravoltas. Ao mesmo tempo em que as informações recebidas fazem total sentido, podem tomar novos significados alguns capítulos adiante. Esta maneira de conduzir a história ajuda a manter o leitor assíduo, brincando com sua curiosidade o tempo todo.
Sua edição em capítulos que remetem a lugares e momentos diferentes, ajuda a manter o clima do livro, conduzindo várias tramas paralelas sem perder o ritmo.
Os personagens são bem construídos, com uma evolução bastante visível durante seus desenvolvimentos, principalmente por se tratar de protagonistas adultos e com uma grande carga de experiência de vida. Seus conflitos interiores e seus medos são colocados em cheque e eles precisam tomar decisões que podem mudar suas vidas, ao mesmo tempo que resolvem a questão principal do trama. A união de dois personagens diferentes, que estão envolvidos em suas vidas pacatas, acaba por funcionar muito bem, porque, ao mesmo tempo que resolvem o caso dos 36 justos, também abre brechas para se aprofundar um pouco na vida destes personagens, acabando por um ajudar o outro em suas questões pessoais.
Outro fator interessante é que o protagonista não é nenhum super detetive que consegue tudo o que quer, tampouco um cara que sentimos dó pelos seus problemas. Seus defeitos e medos ficam explícitos para o leitor, assim como a vida depressiva de Hannah, que tinha tudo para ser a maior cientista do mundo e acabou deslizando para uma vida pacata e triste, se tornando sua própria decepção.
Sua principal e inesperada ideia para o livro, ajuda a manter o suspense durante toda a narrativa. A crença judaica, à qual diz que Deus envia 36 pessoas justas à Terra a cada geração, a fim de manter o equilíbrio do mundo e evitar que o apocalipse aconteça, é muito bem aproveitada. Um dos pontos altos é que estas pessoas justas não fazem ideia de que foram as escolhidas, tornando o trabalho de nossos protagonistas ainda mais difícil. Em um momento você pode ser suspeito e, em outro, pode já não ser.
Esse aspecto religioso do livro se estende apenas até o ponto de trazer ao leitor questões sobre as experiências de quase morte, onde pessoas que quase morreram, relatam o que vivenciaram. Em contraste a isto, temos elementos explicativos da ciência para estes relatos, num constante contraste entre eles, mas de forma bem sutil e sem querer empurrar uma opinião formada ao leitor. É como se fosse só um compilado de fatos, com suas explicações, e deixados a cargo do leitor aceitar um ponto de vista ou outro.
Com protagonistas simples, que não conseguem resolver seus problemas e que são tão comuns, aliados à boa escrita do(s) autor(es) e à trama interessante, O Último Homem Bom é uma boa opção para quem está cansado de suas atuais leituras e quer um empurrão para experimentar um thriller de tirar o fôlego. Haja coração!

Até a próxima página!

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Marley & Eu

O escritor John Grogan escreveu Marley & Eu a fim de homenagear seu cachorro. Em seu livro, ele nos conta muitos fatos da sua vida e de sua família (ele tem esposa e filhos) para que conheçamos a vida de seu peculiar cãozinho de estimação.
O livro é um romance baseado em fatos reais que chegou às listas de mais vendidos no mundo todo por trazer a história de Marley, um cachorro desajeitado e que sempre teve um espírito brincalhão e divertido. Acabou recebendo um filme estrelado por Jennifer Aniston e Owen Wilson.
John e Jenny são um casal jovem e totalmente apaixonados, iniciando suas carreiras profissionais e querendo construir uma família. Para que comecem a ter jeito com a ideia de serem pais, adotam um bichinho de estimação: Marley. O que eles acharam que seria uma tarefa fácil e fofinha, como era na época em que eram crianças e tinham seus cachorros de estimação super educados e comportados, acaba se tornando difícil e muitas vezes constrangedora.
Marley é totalmente o contrário do que eles imaginavam que fosse: destrói a casa toda vez que fica sozinho, morre de medo de temporais e trovões (que faz ele pirar e destruir a casa também), engole tudo o que está ao seu alcance, é incontrolável, extremamente impulsivo e nada educado.
Apesar de todos os seus problemas comportamentais, que geram grandes doses de humor em situações constrangedoras e até comuns, Marley é um cachorro com todas as qualidades de sua espécie: extremamente fiel, amigo e protetor.
Durante as cerca de 300 páginas de uma leitura tranquila e fácil, Grogan relata as características de seu melhor amigo, suas principais façanhas (o cachorro foi até "estrela" do cinema!), os grandes momentos de sua vida com sua família (como o nascimento dos filhos, os medos que sentiram e as mudanças de emprego e cidade) e nos dá muitas informações a respeito da raça dos labradores, que é a raça do cãozinho Marley (que de "zinho" não tem nada). 
O livro é bem construído, tem momentos engraçados, outros tristes, que faz cair lágrimas das pessoas mais emocionais, e diverte o tempo todo. É uma boa leitura para um final de semana, pois você nem percebe que o tempo passa e a leitura avança rapidamente.
Indicado, principalmente, para quem gosta de animais de estimação e/ou cachorros.

Boa leitura e até a próxima página!
diHITT - Notícias