terça-feira, 24 de maio de 2016

O Coração dos Heróis

O Coração dos Heróis é um pequeno trecho na gigantesca batalha em Troia. Aquiles cresce com seu meio irmão Pátroclo e ambos acabam indo para a guerra contra os troianos. Porém, num dia, Pátroclo se faz passar por Aquiles e vai à luta, contra Heitor. Contudo, ele não se sai bem e acaba sendo morto pelo seu oponente.
Ao ver Pátroclo morto, Aquiles decide se vingar tirando a vida de Heitor. A simples morte de seu inimigo não satisfaz sua ira e desejo de vingança, o que o faz capturar o corpo de Heitor e, sob posse do corpo, subjuga-o a diárias violações, amarrando-o a sua carroça e arrastando-o a fim de sanar sua tristeza pela perda de seu meio irmão.
O pai de Heitor, Príamo, como todo pai, só deseja realizar os rituais sagrados e enterrar seu filho devidamente, mas é impossibilitado devido as circunstâncias. Resolve, então, seguir o coração e realizar algo que ninguém ainda fez, buscar o diálogo e convencer o inimigo a permitir que um pai possa enterrar seu filho.

Voltemos à Troia da Grécia Antiga. Em meio a um dos maiores acontecimentos da literatura, David Malouf reconta alguns momentos conhecidos na Ilíada, de Homero, mas vai além, incluindo fatos que não foram contados na obra original.
Neste livro, Malouf insere o sentimentalismo dos nossos heróis, tanto Aquiles quanto Príamo, e o explora ao ponto de transmitir a tristeza pela perda que ambos personagens carregam.
Príamo se destaca como um homem que acredita que realizar uma proeza nunca tentada antes, principalmente em uma guerra na qual se arriscaria a conversar com o inimigo em suas terras e pedir-lhe que devolva o corpo de seu filho, seria a solução para enterrar seu primogênito. Seu coração, que está em trevas, o faz agir de forma peculiar e acreditar que Aquiles, por também estar sofrendo pela perda de um ente querido, concederia a um pai aflito o direito de enterrar um filho.
Aquiles, por outro lado, após matar Heitor, acaba tendo sua vida coberta por uma penumbra, onde somente a tristeza reina, e não consegue satisfazer seu desejo de vingança pela morte de Pátroclo. Passa dias arrastando o corpo já sem vida de seu inimigo, em uma tentativa de aliviar sua dor. Porém, em nenhum momento passa-lhe pela cabeça o que acontece dentro de Troia, que um pai sofre tanto quanto ele e não pode realizar seus rituais de despedida.
O autor aborda um lado dos personagens que, mesmo em meio a uma guerra, mostra que inimigos podem compartilhar dos mesmos sentimentalismos, das mesmas tristezas e, mesmo sendo inimigos, podem compartilhar sua dor. O Coração dos Heróis é um breve, porém bonito momento, em uma das grandes guerras já travadas por aí.
Até a próxima página!

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