sexta-feira, 12 de setembro de 2014

A Bússola de Ouro

Philip Pullman criou um universo totalmente novo para a trilogia Fronteiras do Universo. Neste primeiro livro, conhecemos os personagens e o Pó, com os mistérios e perigos que representa.
Lyra é uma garotinha que cresceu na faculdade Jordan e sempre se aventurou e brincou com os meninos da redondeza. Por morar na universidade, teve uma melhor educação e se gaba disso. Há uma certa rivalidade entre os garotos da faculdade e os que moram por perto. Um dia, ela e seu dimon (um animal que representa sua alma) entram numa sala proibida da faculdade por pura curiosidade e acaba tendo que se esconder lá dentro. Então descobre a existência do misterioso Pó.
Um tempinho depois, ela escuta histórias de que há uma organização que anda sequestrando crianças por toda parte e levando-as para o Norte. Lyra sempre sonhou em ir para o norte, mas fica curiosa para saber quem são essas pessoas e o que fazem. Se é só um boato ou não.
Um certo dia, os Gobblers (a tal organização) sequestra seu amigo Roger e alguns garotos da redondeza, e Lyra fica louca, porém ela recebe uma proposta irrecusável e acaba esquecendo o caso. No dia seguinte, ela ganha um presente peculiar e muito valioso, que ela deve guardar em segredo e o qual ela deverá aprender a usar e desvendar seus mistérios: a bússola de ouro. No fim das contas, ela sofre algumas ameaças e foge, com a intenção de ir para o norte, mas no caminho, acaba sendo encontrada pela família de um dos garotos desaparecidos. Eles partem juntos, mas Lyra está sendo procurada por toda parte, e precisam escondê-la. Acabam por se reunir com seu povo e decidem invadir o centro de pesquisas do Norte, o lugar para onde as crianças são levadas.
Neste caminho, encontram um urso polar, Iorek, que os ajudam nesta jornada e acaba por sentir um carinho especial pela garota. Enquanto caminham rumo ao centro de pesquisas, sofrem um ataque e Lyra é sequestrada. Ela acaba chegando ao lugar onde ocorrem as pesquisas e descobre o mau que acontece com as crianças levadas até lá. E também a sua relação com o Pó.
Uma batalha se desenvolve na tentativa de salvar as crianças e acabar com as pesquisas ali realizadas, e Lyra acaba por ter de fugir dali de uma forma não convencional, pousando no vilarejo onde outros ursos polares moram, mas que são inimigos mortais de Iorek. Ela, como grande mentirosa que é, inventa uma história para que Iorek não seja morto quando adentrar os limites do vilarejo.
No final das contas, descobrimos que o mal pode ter acontecido em prol de algo bom, mas que é totalmente desconhecido. Não que isso deixe de ser ruim, mas que tem uma motivação que envolve o melhor para todos no futuro. O que é proposto, é algo novo que coloca medo nos envolvidos, fazendo-os agir da forma tratada no livro. É uma analogia com a novidade que vivemos todos os dias. Sempre sentimos receio de algo antes de confiar que aquilo pode ser bom. No livro, é a mesma coisa, mas por se tratar de uma fantasia, há todo um mistério por trás antes de descobrirmos o que realmente é o tal Pó e o que ele pode oferecer.
Os personagens do livro são fantásticos. Lyra é uma garota "órfã", que foi criada numa faculdade, desenvolveu a habilidade de mentir e é muito arteira. Possui um caráter bastante humano, mas é competitiva e curiosa ao extremo. É uma garota sapeca e inteligente. O tio dela é outro cara que surpreende, inteligente e muito estudioso, não deixa seus planos de lado por nada. A Sra Coulter é uma pessoa que se ama e se odeia em partes diferentes do livro. Enquanto ela tenta manter seus projetos em andamento, quer a todo custo cuidar de Lyra, protegê-la. Os personagens apresentados no livro são bem desenvolvidos e tem ligação direta com os fatos que se sucedem, mesmo quando deixaram de aparecer, no início da história. O autor teve um cuidado muito grande ao trabalhar seus personagens. E as relações entre eles também são muito interessantes. Nada está ali por acaso, tudo tem fundamento e um objetivo a cumprir.
Os acontecimentos que enchem as páginas da história, são envolventes e instigam-nos a querer descobrir o que está por vir, a querer saber como determinado fato vai se resolver, ou se complicar, e como tudo vai acabar. Pullman conseguiu manter um ritmo muito bom desde o início, sempre tomando cuidado para não deixar o leitor deslocado ou desinteressado. Há, claro, alguns pontos menos interessantes, mas, no geral, nos faz ficar com o livro nas mãos até terminá-lo.
Os diálogos são outro atrativo. Interessantes e bem desenvolvidos, com conteúdo expressivo e muito esclarecedor, quando necessário. Pela protagonista se tratar de uma garota muito curiosa, Pullman teve um ingrediente capaz de fazer o bolo crescer, abrindo espaço para que diálogos e explicações bem elaboradas pudessem acontecer, e ele usou muito bem esse ingrediente.
Algumas curiosidades ficaram por conta da tradução de algumas palavras. Por exemplo, a bússola de ouro é chamada de aletiômetro. Há outras palavras que não sei se foram erros ou se foram escritas de tal forma por algum motivo: anbárica, anbar, anbarógrafo, chocolatl. É meio estranho encontrá-las no meio da leitura, mas nada de "meu deus, vou morrer se encontrar isso de novo no livro". Dá pra deixar pra lá e se focar em curtir a história.
O que pode não agradar muito é a questão religiosa tratada. Há uma crítica que pode ser desagradável e até uma ofensa para os mais religiosos. Mas só é percebido se for lido com muita atenção, lendo nas entrelinhas, digamos assim.
Minha edição é em pocket, mas bem agradável. O papel é bom, tem uma boa revisão, desconsiderando as palavras estranhas encontradas. Tenho as 2 sequências, também em pocket, e pretendo ler em breve, talvez nesse mês mesmo eu leia A Faca Sutil. E que capa linda! Relacionada diretamente com o enredo contado. Faz jus ao livro. Adorei a capa!
Enfim, o livro é fantástico, tem um ritmo bacana desde o início e deixa aquela pontinha de curiosidade a cada final de capítulo. Em sua maioria, não deixa a sensação de cansaço e espaço para pensar em parar de ler. Vale muito a leitura e super recomendo. Se você ainda não leu, corre ler, dá um jeito, mas não deixe de conferir. O autor fez uma obra espetacular (leia "espetacular" com a jeitinho da Tati Feltrin, do blog/vlog Tiny Little Things).
Não deixe-se enganar pelo filme. Se você não gostou tanto do filme, o livro é bem mais bacana. E se você gostou, tenho certeza de que vai curtir o livro e achar muito melhor! Geralmente o livro é muito melhor, e em relação a esta obra, não é diferente.
Se você já leu o livro, conte nos comentários o que achou, se gostou ou não e porque. Não deixe de seguir o blog e recomendar para os amigos.
Até a próxima página!

As imagens do post foram retiradas da internet.

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