quarta-feira, 24 de agosto de 2016

O Último Homem Bom

O Último Homem Bom é um thriller policial, onde Niels Bentzon, um policial de Copenhague, recebe uma missão peculiar, enviada pelas mãos da Interpol.
Niels descobre, então, que sua missão está relacionada a uma crença religiosa, enviada de Veneza, e que consiste em salvar as pessoas boas do mundo. O problema de sua missão é que ele não sabe quem são estas pessoas, nem onde elas moram. E o pior: elas estão sendo assassinadas, uma a uma, seguindo um padrão que ele não compreende. A única semelhança dentre elas é que são encontradas com um hematoma estranho no corpo e todas estão ligadas a questões humanitárias.
Recebendo ajuda de Hannah Lund, um cientista que tinha uma carreira promissora, eles conseguem desvendar o quebra-cabeças de onde e quando serão feitas as próximas vítimas. Contudo, ainda não sabem quem são estas pessoas.
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A trama de A. J. Kazinski (pseudônimo dos dinamarqueses Anders Ronnow Klarlund e Jacob Weinreich), é recheada de suspense e reviravoltas. Ao mesmo tempo em que as informações recebidas fazem total sentido, podem tomar novos significados alguns capítulos adiante. Esta maneira de conduzir a história ajuda a manter o leitor assíduo, brincando com sua curiosidade o tempo todo.
Sua edição em capítulos que remetem a lugares e momentos diferentes, ajuda a manter o clima do livro, conduzindo várias tramas paralelas sem perder o ritmo.
Os personagens são bem construídos, com uma evolução bastante visível durante seus desenvolvimentos, principalmente por se tratar de protagonistas adultos e com uma grande carga de experiência de vida. Seus conflitos interiores e seus medos são colocados em cheque e eles precisam tomar decisões que podem mudar suas vidas, ao mesmo tempo que resolvem a questão principal do trama. A união de dois personagens diferentes, que estão envolvidos em suas vidas pacatas, acaba por funcionar muito bem, porque, ao mesmo tempo que resolvem o caso dos 36 justos, também abre brechas para se aprofundar um pouco na vida destes personagens, acabando por um ajudar o outro em suas questões pessoais.
Outro fator interessante é que o protagonista não é nenhum super detetive que consegue tudo o que quer, tampouco um cara que sentimos dó pelos seus problemas. Seus defeitos e medos ficam explícitos para o leitor, assim como a vida depressiva de Hannah, que tinha tudo para ser a maior cientista do mundo e acabou deslizando para uma vida pacata e triste, se tornando sua própria decepção.
Sua principal e inesperada ideia para o livro, ajuda a manter o suspense durante toda a narrativa. A crença judaica, à qual diz que Deus envia 36 pessoas justas à Terra a cada geração, a fim de manter o equilíbrio do mundo e evitar que o apocalipse aconteça, é muito bem aproveitada. Um dos pontos altos é que estas pessoas justas não fazem ideia de que foram as escolhidas, tornando o trabalho de nossos protagonistas ainda mais difícil. Em um momento você pode ser suspeito e, em outro, pode já não ser.
Esse aspecto religioso do livro se estende apenas até o ponto de trazer ao leitor questões sobre as experiências de quase morte, onde pessoas que quase morreram, relatam o que vivenciaram. Em contraste a isto, temos elementos explicativos da ciência para estes relatos, num constante contraste entre eles, mas de forma bem sutil e sem querer empurrar uma opinião formada ao leitor. É como se fosse só um compilado de fatos, com suas explicações, e deixados a cargo do leitor aceitar um ponto de vista ou outro.
Com protagonistas simples, que não conseguem resolver seus problemas e que são tão comuns, aliados à boa escrita do(s) autor(es) e à trama interessante, O Último Homem Bom é uma boa opção para quem está cansado de suas atuais leituras e quer um empurrão para experimentar um thriller de tirar o fôlego. Haja coração!

Até a próxima página!
diHITT - Notícias